domingo, 14 de novembro de 2010

Vento morno...


Cheiro de mar, o baruho das ondas, a maresia, o milho de beira de praia, sorts curto e o sorvete não pode faltar. Peguei minhas coisas e fui de encontro ao mar de Capão que me lembra de minha infância. Pé na estrada não via a hora de chegar, queria me sentir em casa novamente, procurei pelas ruas sinais que afirmassem que voltei, nada vi há não ser pessoas tristes e sorrisos amarelos. O céu estava nublado com um ar pesado, a única voz que reinava era a do mar imponente e devastador, sentia-me triste e solitária, pensei em tudo que aconteceu em minha pouca vida desde a ultima visita a Capão, uma filha sem pai, uma irmã em meus braços, o primeiro beijo, a rebeldia, as bebidas, as amigas, a fugida de casa e um namoro inacabado. Percebi o quanto havia mudado minha vida, meus sonhos, meu corpo e por fim eu mesma, a cada dia sou uma nova pessoa, com novos modos, atitudes, medos e pesadelos. Sentada em frente a casinha de alugueu, fui de encontro ao mar ouvi uma voz me chamar, dizia venha pra mim e seja feliz e sem pensar duas vezes me entreguei ao mar a água fria me fez voltar a consciência não me reconhecia como pude cometer tal loucura? Acordei apavorada abri meus olhos e fitei a escuridão do quarto pequeno onde dormia, fora um pesadelo constatei aliviada. Pela manhã não consegui tirar o pesadelo de minha cabeça e fui tirar a prova. Sentada em frente ao mar deixei-me desmoronar, não lutei contra meus medos, saudades, angustias e incertezas. Apenas reavaliei o que realmente valia a pena, o que me faz feliz, o que eu quero, com quem eu quero, o que espero, pelo que vou lutar, por quem vou lutar, quem devo enterrar com o meu passado enfim pensei na vida e não tive medo de encarar as verdades e os erros que cometi. Depois de derramar a ultima lágrima me senti enfim em casa e voltei de braços abertos para a minha querida Capão da Canoa, a cidade me recebeu e todos os sinais estavam ali me dizendo que era hora de ser feliz. Há muito tempo não tinha um dia assim só pra mim, mais é hora de voltar a viver, crescer e aprender. Indo embora de costas para a cidade senti um vento morno bater nos meus cabelos e fazer me vestido balançar, era um sinal que depois do vento vem a chuva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário